Fotos Autor Desconhecido
Entrevista realizada em Março de 2004
Especial Samba Paulista (Seu Nenê)
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."Na história do samba paulistano, uma personalidade admirável destaca-se das demais pelo pioneirismo, pela capacidade de liderança e, principalmente, pela simpatia", afirmou em certa ocasião Paulinho da Viola, referindo-se ao sambista Alberto Alves da Silva, mais conhecido como Seu Nenê da Vila Matilde, fundador da Escola de Samba Nenê da Vila Matilde em primeiro de janeiro de 1949, na Rua Joaquim Marra, no Largo do Peixe, na própria Vila Matilde.
Numa época em que o Carnaval paulistano resumia-se à escola de samba Lavapés (fundada em 1933), e marchinhas, Seu Nenê inovou. O ano era 1956 e ele, filho de um carioca e uma mineira, neto de escravos, colocou na boca do povo "Casa Grande e Senzala". Tratava-se de uma novidade, afinal o samba de rua e os sucessos do rádio davam lugar a uma canção feita especialmente para a ocasião. E mais do que isso, a letra abordava um tema real. “Nesse ano, fomos campeões, porque nós mesmos começamos a mudar as coisas. Fizemos o primeiro samba-enredo, a primeira história contada por uma escola em São Paulo e o primeiro carro alegórico”, relembra Seu Nenê, protagonista da história.
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Com o samba, escrito por Paulistinha e Popó, Seu Nenê deu o título de campeã à Escola. “A escola foi campeã, mas não foi fácil. A Lavapés não gostou de perder e contestou o resultado, então, fomos obrigados a réplica, como um segundo turno. A réplica foi no sábado de Aleluia. Fomos ao Ibirapuera para disputar mesmo, do duro. Só que a Lavapés jogou a toalha e nem foi. A Nenê foi consagrada campeã de 56”, afirma.
Seu Nenê inclusive virou tema do documentário Seu Nenê da Vila Matilde. A produção, dirigida e roteirizada por Carlos Cortez, registra a paixão de Seu Nenê pela escola de samba que ele criou há mais de 50 anos, levando para as ruas o primeiro samba enredo da história paulistana.
De acordo com Seu Nenê, “naquele tempo o Carnaval era uma coisa inocente, viva. Todo mundo participava, mesmo que fosse apenas colocando uma fantasia de pierrô, colombina, palhaço, marinheiro. Era um Carnaval lindo”, conta emocionado.
Fora as amizades, o prestígio e o prazer de fazer algo prazeroso, Seu Nenê não ganhou nada em termos financeiros com o samba, pelo contrário, segundo o sambista, ele está “duro até hoje”. Contudo essa forma de enriquecimento, através da música, nunca esteve nos planos de Seu Nenê: “Teve gente que fez fortuna com esse negócio de música, mas acho que isso é da cabeça de cada um, nós sempre fomos só pela cultura. E meu pai sempre dizia que o pouco, com Deus, é muito e que, dependendo da força de vontade, da saúde e da sorte, com um montinho você faz um montão”.
O sustento mesmo vinha do trabalho na fábrica. Primeiro, o sambista ainda com 13, 14 anos, trabalhou na Nadir Figueiredo, uma fábrica de vidro, e depois foi para a metalúrgica Rezemine. Antes de se aposentar, teve um depósito de material de construção e uma banca de jornal. “Perdi uma mocidade, mas ganhei uma vida”, costuma ressaltar. “Sei fazer de tudo. Sei fazer telhado, assentar tijolo, qualquer serviço. Tem males que vem para o bem”, gaba-se o sambista. Já a Escola de Samba Nenê da Vila Matilde, segundo o próprio Seu Nenê, surgiu no Largo do Peixe. “Foi lá que nós começamos a fazer as nossas brincadeiras. O lugar era só mato e brejo”.
Seu Nenê inclusive virou tema do documentário Seu Nenê da Vila Matilde. A produção, dirigida e roteirizada por Carlos Cortez, registra a paixão de Seu Nenê pela escola de samba que ele criou há mais de 50 anos, levando para as ruas o primeiro samba enredo da história paulistana.
De acordo com Seu Nenê, “naquele tempo o Carnaval era uma coisa inocente, viva. Todo mundo participava, mesmo que fosse apenas colocando uma fantasia de pierrô, colombina, palhaço, marinheiro. Era um Carnaval lindo”, conta emocionado.
Fora as amizades, o prestígio e o prazer de fazer algo prazeroso, Seu Nenê não ganhou nada em termos financeiros com o samba, pelo contrário, segundo o sambista, ele está “duro até hoje”. Contudo essa forma de enriquecimento, através da música, nunca esteve nos planos de Seu Nenê: “Teve gente que fez fortuna com esse negócio de música, mas acho que isso é da cabeça de cada um, nós sempre fomos só pela cultura. E meu pai sempre dizia que o pouco, com Deus, é muito e que, dependendo da força de vontade, da saúde e da sorte, com um montinho você faz um montão”.
O sustento mesmo vinha do trabalho na fábrica. Primeiro, o sambista ainda com 13, 14 anos, trabalhou na Nadir Figueiredo, uma fábrica de vidro, e depois foi para a metalúrgica Rezemine. Antes de se aposentar, teve um depósito de material de construção e uma banca de jornal. “Perdi uma mocidade, mas ganhei uma vida”, costuma ressaltar. “Sei fazer de tudo. Sei fazer telhado, assentar tijolo, qualquer serviço. Tem males que vem para o bem”, gaba-se o sambista. Já a Escola de Samba Nenê da Vila Matilde, segundo o próprio Seu Nenê, surgiu no Largo do Peixe. “Foi lá que nós começamos a fazer as nossas brincadeiras. O lugar era só mato e brejo”.
Com relação ao futuro do samba paulistano Seu Nenê é categórico e otimista: "eu acho que vai melhorar ainda mais. Agora, de que jeito a gente não sabe. Eu acho que em 2010, o carnaval de São Paulo vai estar a 500 por hora".
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ps. Alberto Alves da Silva, conhecido como seu Nenê, de 89 anos, morreu na madrugada de segunda-feira (04/10/2010) no Hospital do Tatuapé, na zona leste da capital paulista.