Em um país que tem como sua principal festa popular o percussivo Carnaval, onde uma caixinha de fósforo já foi sinônimo de samba e um prato de cozinha instrumento de batuque, ser considerado o Rei do Ritmo, convenhamos, não é pra qualquer um.
Mas um franzino paraibano, de nome José Gomes Filho, natural de Lagoa Grande, pobre, negro e analfabeto até os 35 anos de idade, contrariando o futuro que lhe estendia as mãos, transformou as batucadas do seu destino, tomou de assalto a cena musical brasileira e , deixando para trás o swing de nomes como Wilson Simonal, Luiz Gonzaga, Bezerra da Silva, Jorge Ben e tantos outros mestres do balanço, recebeu, com méritos, a concorrida alcunha de Rei do Ritmo.
Jackson do Pandeiro, como mais tarde ficaria conhecido José Gomes Filho, alcançou tal prestígio não apenas por dominar como poucos o instrumento que lhe empresta o sobrenome artístico, mas, também, e principalmente, por sua singularidade ao interpretar canções que viriam a definir a essência rítmica do cancioneiro nordestino.
“Contra fel, moléstia e crime, use Dorival Caymmi, vá de Jackson do Pandeiro”. Chico Buarque
“Ele tinha uma característica de divisão métrica dentro da musica que é inato. Nem ele conseguia explicar. Ele pegava uma frase melódica, com tempo e marcação definidos e saia quebrando isso o tempo todo. Ás vezes adiantando, às vezes atrasando, mas sempre ao final coincidindo com os acordes da música. Essa brincadeira que ele fazia com a voz e com as músicas é algo realmente impressionante. O grau de sofisticação, a técnica que ele usava e ao mesmo tempo a intuição, aquela coisa natural que vinha espontaneamente e nunca se repetiu e provavelmente nunca se repetirá porque dificilmente surgirá outro como ele”. A afirmação é do jornalista Fernando Moura, que ao lado do também jornalista Antônio Vicente, lançou em 2001, pela Editora 34, a biografia do músico, intitulada “Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo”, que apresenta a vida e a obra do músico desde o seu nascimento em 1919, até a sua morte, quase no ostracismo, em julho de 1982.
Fernando, que demorou 8 anos até concluir o livro, realmente tem razão, Jackson transitava do forró ao samba, passando por todos os seus subgêneros, como o baião, xote, xaxado, coco, arrasta-pé, frevo, em fim, tudo que tivesse batuque, com extrema autenticidade, imprimindo um nova cadência aos ritmos que, já no início do século XX, se apresentavam como a base sonora por qual seguiria a música popular brasileira nos anos seguintes.
Filho da cantadora de coco Flora Maria da Conceição, Jackson cresceu ouvindo e tocando coco, fazendo “forró quentinho”, como dizem. No início da vida adulta, já na cidade de Campina Grande, freqüentou o famoso Cassino Eldorado, onde tomou contato com ritmos como o blues, jazz, chorinho, maxixe, rumba, tango e o samba. Também freqüentou durante determinado período da carreira terreiros de candomblé, não em razão da sua religiosidade, mas para ouvir e ver de perto as batucadas que de lá ecoavam. Além do talento nato de Jackson, essas experiências foram sem dúvidas fundamentais para que o Zé da Paraíba se tornasse um dos maiores expoentes da influência rítmica negra na música nordestina.
“Ele tinha uma característica de divisão métrica dentro da musica que é inato. Nem ele conseguia explicar. Ele pegava uma frase melódica, com tempo e marcação definidos e saia quebrando isso o tempo todo. Ás vezes adiantando, às vezes atrasando, mas sempre ao final coincidindo com os acordes da música. Essa brincadeira que ele fazia com a voz e com as músicas é algo realmente impressionante. O grau de sofisticação, a técnica que ele usava e ao mesmo tempo a intuição, aquela coisa natural que vinha espontaneamente e nunca se repetiu e provavelmente nunca se repetirá porque dificilmente surgirá outro como ele”. A afirmação é do jornalista Fernando Moura, que ao lado do também jornalista Antônio Vicente, lançou em 2001, pela Editora 34, a biografia do músico, intitulada “Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo”, que apresenta a vida e a obra do músico desde o seu nascimento em 1919, até a sua morte, quase no ostracismo, em julho de 1982.
Fernando, que demorou 8 anos até concluir o livro, realmente tem razão, Jackson transitava do forró ao samba, passando por todos os seus subgêneros, como o baião, xote, xaxado, coco, arrasta-pé, frevo, em fim, tudo que tivesse batuque, com extrema autenticidade, imprimindo um nova cadência aos ritmos que, já no início do século XX, se apresentavam como a base sonora por qual seguiria a música popular brasileira nos anos seguintes.
Filho da cantadora de coco Flora Maria da Conceição, Jackson cresceu ouvindo e tocando coco, fazendo “forró quentinho”, como dizem. No início da vida adulta, já na cidade de Campina Grande, freqüentou o famoso Cassino Eldorado, onde tomou contato com ritmos como o blues, jazz, chorinho, maxixe, rumba, tango e o samba. Também freqüentou durante determinado período da carreira terreiros de candomblé, não em razão da sua religiosidade, mas para ouvir e ver de perto as batucadas que de lá ecoavam. Além do talento nato de Jackson, essas experiências foram sem dúvidas fundamentais para que o Zé da Paraíba se tornasse um dos maiores expoentes da influência rítmica negra na música nordestina.
“Na minha opinião existem duas escolas de canto no Brasil: a de João Gilberto e a de Jackson do Pandeiro”. Elba Ramalho
“Ele foi campeão de samba em diversos carnavais no Rio de Janeiro. E olha que ser campeão de festivais de carnaval no Rio, no meio de tantos bambas, não é fácil não”, recorda-se Fernando Moura.
Pouquíssimas pessoas sabem, mas, o primeiro disco de Bezerra da Silva, “O Rei do Coco”, lançado em 1976, tem a direção artística de Jackson do Pandeiro, que ainda participou de todas as músicas do álbum como instrumentista.
Para o pernambucano Carlos Fernando, produtor musical e um dos mais importantes compositores de Frevo ainda em atividade no país, o ritmo, tal qual conhecemos hoje, “nós devemos a Jackson, foi ele quem o acelerou. O frevo era um pouco mais lento, depois que ele gravou Micróbio do Frevo, o ritmo tomou um novo caminho”.
Seriam necessárias páginas e mais páginas para situar a importância de Jackson na música popular brasileira e a sua determinante influência na música pós-tropicalista de Gilberto Gil, assim como na obra de Alceu Valença, Lenine, só para ficar em alguns exemplos. Por isso, para os que desejam compreender a sua obra, recomendo que sigam as palavras de Fernando Moura, “mais do que ler Jakson, é necessário escutá-lo”.
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“Ele foi campeão de samba em diversos carnavais no Rio de Janeiro. E olha que ser campeão de festivais de carnaval no Rio, no meio de tantos bambas, não é fácil não”, recorda-se Fernando Moura.
Pouquíssimas pessoas sabem, mas, o primeiro disco de Bezerra da Silva, “O Rei do Coco”, lançado em 1976, tem a direção artística de Jackson do Pandeiro, que ainda participou de todas as músicas do álbum como instrumentista.
Para o pernambucano Carlos Fernando, produtor musical e um dos mais importantes compositores de Frevo ainda em atividade no país, o ritmo, tal qual conhecemos hoje, “nós devemos a Jackson, foi ele quem o acelerou. O frevo era um pouco mais lento, depois que ele gravou Micróbio do Frevo, o ritmo tomou um novo caminho”.
Seriam necessárias páginas e mais páginas para situar a importância de Jackson na música popular brasileira e a sua determinante influência na música pós-tropicalista de Gilberto Gil, assim como na obra de Alceu Valença, Lenine, só para ficar em alguns exemplos. Por isso, para os que desejam compreender a sua obra, recomendo que sigam as palavras de Fernando Moura, “mais do que ler Jakson, é necessário escutá-lo”.
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Homenagem
Jackson do Pandeiro, que caso estivesse vivo teria completado 90 anos de idade em 2009 , ganhou uma retrospectiva da sua obra no SESC Santo André. Trata-se da maior exposição em homenagem ao artista já montada no país. Intitulada “Jackson do Pandeiro: A trajetória do Rei do Ritmo”, a mostra exibe fotos, vídeos, documentos, objetos pessoais, instrumentos, além de shows e debates. A exposição fica em cartaz até o dia 23 de maio, e pode ser conferida de terça a sexta-feira, das 13h às 21h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. O SESC Santo André fica na rua Tamarutaca, 302. Informações: 4469-1200.
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Homenagem
Jackson do Pandeiro, que caso estivesse vivo teria completado 90 anos de idade em 2009 , ganhou uma retrospectiva da sua obra no SESC Santo André. Trata-se da maior exposição em homenagem ao artista já montada no país. Intitulada “Jackson do Pandeiro: A trajetória do Rei do Ritmo”, a mostra exibe fotos, vídeos, documentos, objetos pessoais, instrumentos, além de shows e debates. A exposição fica em cartaz até o dia 23 de maio, e pode ser conferida de terça a sexta-feira, das 13h às 21h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. O SESC Santo André fica na rua Tamarutaca, 302. Informações: 4469-1200.
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Acesse:
www.jacksondopandeiro.com.br
www.silveriopessoa.com.br
www.forroemvinil.com
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Leia:
Jackson do Pandeiro: O Rei do Ritmo
Autor: Fernando Moura
Editora 34
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