Ensaio sobre a obra o "Homem que Corre" e do modus operandi da dupla Os Gêmeos e do graffiti entre o final do século XX e o início do XXI.
“O HOMEM QUE CORRE”
Um homem corre. Não se sabe do que, de quem, nem por que. Solitário, molhado de tinta, estampado em uma textura envelhecida e rachada no bairro paulistano do Cambuci, ele segue a passos largos rumo ao infinito.
Um homem corre. Não se sabe do que, de quem, nem por que. Solitário, molhado de tinta, estampado em uma textura envelhecida e rachada no bairro paulistano do Cambuci, ele segue a passos largos rumo ao infinito.
Com os olhos fixos nos que ousam a buscar o seu olhar, exibe um semblante assustado, de quem a pouco foi quase capturado.
Tronco curvado pra frente, cotovelos e braços rentes às costas, misteriosamente carrega nas mãos, soltas no tempo, uma antiga televisão azul 14 polegadas. O fio que a leva tomada, no ritmo dos seus passos, flutua, deixando o passado para trás.
O modo como corre, a maneira que observa a movimentação ao seu redor e, principalmente, pelo pedaço de pano que leva amarrado ao rosto, que esconde a boca e parte do nariz, mas que deixa o vento bater no pescoço, preservando a identidade daquele moço de semblante assustado, revelam que o sujeito está apreensivo.
Agasalho cor de vinho, tênis pretos e sem meia. Cabelo curto, raspado dos lados, estilo de cadeia.
Tem as canelas e os braços finos, franzinos de doer, quase que uma estrutura juvenil comum nos que costumam correr. Mas sua as vantagens físicas estacionam por aí. Corcunda, saliente das coxas a cabeça, esta grande e chata, é Bela e Fera simultaneamente.
Mas o que move este homem amarelo em atitude suspeita, que na espreita corre por aí? Será ele um ladrão de sonhos e ilusões? Ou um revolucionário libertador, querendo, a conta gotas, livrar a sociedade do seu maior modelo de conduta?
Harmonicamente distribuídas no muro, às cores primárias que acompanham o desengonçado sujeito, o azul (representado pelo televisor), o vermelho (do agasalho) e o amarelo do personagem, dão vida, ritmo e movimento a obra que, sentimentalmente, se propõe a questionar os valores da sociedade moderna ocidental, esta, globalizada e capitalista ao extremo.
O Homem que Corre, ao disparar mascarado pelas ruas de São Paulo com uma TV nos braços, enfatiza, questiona e expõe a sociedade, a supervalorização do capital e dos verbos ter, possuir e ser na contemporaneidade. Assim como o próprio papel da TV como meio comunicador.
Agasalho cor de vinho, tênis pretos e sem meia. Cabelo curto, raspado dos lados, estilo de cadeia.
Tem as canelas e os braços finos, franzinos de doer, quase que uma estrutura juvenil comum nos que costumam correr. Mas sua as vantagens físicas estacionam por aí. Corcunda, saliente das coxas a cabeça, esta grande e chata, é Bela e Fera simultaneamente.
Mas o que move este homem amarelo em atitude suspeita, que na espreita corre por aí? Será ele um ladrão de sonhos e ilusões? Ou um revolucionário libertador, querendo, a conta gotas, livrar a sociedade do seu maior modelo de conduta?
Harmonicamente distribuídas no muro, às cores primárias que acompanham o desengonçado sujeito, o azul (representado pelo televisor), o vermelho (do agasalho) e o amarelo do personagem, dão vida, ritmo e movimento a obra que, sentimentalmente, se propõe a questionar os valores da sociedade moderna ocidental, esta, globalizada e capitalista ao extremo.
O Homem que Corre, ao disparar mascarado pelas ruas de São Paulo com uma TV nos braços, enfatiza, questiona e expõe a sociedade, a supervalorização do capital e dos verbos ter, possuir e ser na contemporaneidade. Assim como o próprio papel da TV como meio comunicador.
A pergunta que fica é: Será que estamos correndo para o lado certo?