quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Rinha, o Centro e o Rap!

Dono de uma suntuosa arquitetura e território de inspiradas construções do século XIX, o agitado e incrivelmente povoado centro de São Paulo, especialmente com o anoitecer do dia, costuma provocar calafrios em que ousa perambular por suas mal iluminadas e estreitas ruas e vielas.

Refúgio de moradores de rua, desempregados, nóias e bêbados que disputam as mais confortáveis portas de aço do comércio local, o centro de São Paulo, especialmente ao escurecer é, ao contrário do que propõe a bem sucedida experiência da Virada Cultural, um local nada simpático e extremamente perigoso.

Porém, é com este cenário deserto e sombrio como pano de fundo que jovens amantes da cultura underground, em especial o rap, costumam varar noites, especialmente as de sextas-feiras, contrariando notícias, desafiando estatísticas e ejetando fôlego e criatividade na noite paulistana.

O palco desta efervescente manifestação cultural fica na rua 7 de Abril, e atende pelo nome Executivo Bar. É dentro desta casa, que outrora já foi um prostíbulo (e o seu interior não engana o passado promíscuo do inferninho), que a cada quinze dias acontece a Rinha dos MC´s, liderada pelo Dj Dandan e pelo MC Criolo Doido.

A cada noite, entre quatro a seis MCs costumam batalhar pelo título de melhor da noite. Sob um palco improvisando, eles soltam o verbo em cima de batidas, provocam uns aos outros e arrancam risos, aplausos e vaias do público.

Ao final das apresentações (algumas pouco inspiradas, é verdade), a platéia escolhe o vencedor da batalha, e de quebra, é presenteada por um show de algum figurão do rap nacional para encerrar a noite.

A Rinha dos MC´s transpira criatividade e é sem dúvida um dos grandes redutos do rap paulistano. A festa já mudou de casa algumas vezes, mas é cravada no centro de São Paulo, onde está localizada agora, possibilitando o acesso de todos, que ela se torna democrática, inovadora e especial.

No final, o que se percebe é que a grande vencedora da Rinha é a música, em especial a música negra, reverenciada a cada bolacha que o Dj Dan Dan coloca pra tocar.

A Rinha é um evento engajado, antro de manifestações artísticas, palco de idéias, e de pessoas que as querem loucamente colocar em prática. Homens, mulheres (belas mulheres, por sinal), brancos, negros, amarelos, cafuzos e mamelucos, todos são bem vindos e convivem harmonicamente na casa, essa sim, de todas as casas.

Se a batalha do Rap paulistano era conquistar seu espaço, isso ele já conseguiu, e de sobra. Só não vê quem não quer.