quinta-feira, 2 de abril de 2009

ALMA NO CONCRETO. FALEM O QUE QUISER FALAR

DIA 27 DE MARÇO – DIA DO GRAFFITTI

Conheci o Graffitti em 1994, aos 13 anos, quando estava na 6º série. Na época, ainda não tínhamos esse volume de produção que vemos hoje. O Victor, um amigo da sala, que anos mais tarde viria a se tornar um artista linha de frente, que transpõe a qualificação de “Artista Plástico”. Já que transita com muita qualidade por esculturas, toys, arte digital e graffitis, foi o cara responsável por me apresentar este mundo de cores, texturas, idéias e aventuras.

A iniciação nos muros, porém, veio com a pichação, com direito a muito vandalismo, adrenalina, perigo e histórias pra contar. Meses depois, eu estava acompanhando aquele alemãozinho, já mestre nos desenhos, em alguns graffitis pela cidade.

Influenciado pelos seus traços, não demorou muito e comecei a fazer os meus rabiscos também. No início, escrevia o nome da minha turma de role: CHIK´S. Muitas vezes fazíamos um único desenho em três, quatro pessoas. Ou seja, muito cacique pra pouco índio.

Assim, resolvi fazer meu próprio trampo. Foram no máximo dez roles, assinava meu nome NABOR, com letras gordas, preenchidas de látex, e os detalhes eram em spray. A maioria em preto e branco. Mas naquele momento, com o sangue adolescente correndo na veias, minhas atenções estavam voltadas para a pichação.

As saídas de madrugada, o coração batendo a mil, a fuga, a conquista o pavil. Era o que eu queria, não só eu, como milhares de outros jovens da minha idade. Era o início da segunda metade dos anos 90 e a pichação comia solta em São Paulo.

Os problemas com a polícia me fizeram recuar. Continuei desenhando muito em casa, fazendo letras, personagens, mas tive que abandonar os muros.

Apesar de relativamente curto, já que foram pouco mais de três anos de produção urbana, este primeiro contato com que eu considero ser a base da arte de rua, bastou para que anos depois minha relação com as artes fosse extremamente próxima.

Mas foi recentemente, por volta de dois anos, quando retomei aos valores culturais adquiridos no início da minha adolescência, que redescobri o Graffitti. Convencido por amigos, voltei as ruas (ainda bem!).

Vi que a produção, a pesquisa, a criatividade, o suor, o engajamento, a beleza, a diversidade e, principalmente, as relações que acompanham o graffiteiro, vão muito além dos muros. É um estilo de vida. É a arte propriamente dita!

Falem o que quiser falar....é a alma no contreto que ta lá.