Uma exposição e um livro de obras de arte sempre despertam reflexões, ou porque se reconhece ou porque se nega a existência de um toque de criatividade, mas também porque haverá sempre algum tipo de reação da parte de quem olha, uma sensibilização maio ou menor pelas obras expostas e, mesmo que imperceptível, uma atitude de adesão ou rejeição.
Tudo isso é levado ao extremo quando as obras expostas têm um conteúdo cultural múltiplo, mesclando o estético, o ético e o social, e mais ainda quando o olhar que as percorre é de alguém que tem a responsabilidade de dialogar com o artista e a obra, percebendo a riqueza de significados que elas encerram e procuram expressar.
Um exemplo desta última hipótese é o ensaio “Mãos Negras – Antropologia da arte negra”, através do qual o antropólogo Celso Prudente analisa a obra do artistas negros Malema, Shirley de Queirós, João Cândido, Eunice Coppi e Sakae, participantes da mostra Mãos Negras, organizada pelo Metrô de São Paulo, em 2002. Analisando essa mostra com as ferramentas da antropologia, Celso Prudente põe em evidência vários aspectos, cada um propiciando observações de grande relevância, que não escaparam à argúcia e à sensibilidade do ensaísta.
Trata-se de um deliciosa e estimulante leitura que nos faz mergulhar no universo das artes plásicas afrobrasileiras tendo o negro como protagonista da sua própria repreentação.
Livro: “Mãos Negras – Antropologia da arte negra”
Autor: Celso Prudente
Editora: Panorama
Ano: 2003
Edição: 03