sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Tem palhaçada? Tem, sim senhor!

Entre o final do século XIX e o início do século XX, poucos anos após a assinatura da Lei Áurea, enquanto milhares de negros escravizados ainda ardiam sob o sol das plantações de café e choravam escondidos nas senzalas de Minas Gerais, um jovem negro da cidade de Pará de Minas, filho de escravos, desafiando a história e o seu próprio destino, sorria e divertia quem o encontrasse.

Considerado, e intitulado, o Rei dos Palhaços no Brasil (após ser condecorado pelo então presidente da república, Marechal Hermes da Fonseca.), Benjamin de Oliveira, ou simplesmente Palhaço Benjamim é, segundo críticos, o primeiro palhaço negro do mundo.

Carismático e talentoso, desfrutou de um singelo prestígio artístico graças a persistência em seus sonhos e ousadia em se entregar a vida. Ainda adolescente fugiu de casa com um circo que parou em sua cidade. Em baixo da lona de fantasias, era pau para toda a obra, cuidava dos animais, limpava, carregava equipamentos, em fim, fazia de tudo um pouco. Anos mais tarde, democraticamente obrigado a substituir um palhaço que havia adoecido, Benjamim teve seu talento descoberto.

Responsável pela introdução do teatro-circo no Brasil, interpretando Hammlet e outros grandes autores, além de apresentar textos próprios, seus skats sobre políticos e costumes levavam as platéias ao delírio.

Benjamim foi daqueles palhaços que tinham, nos cartazes, seu nome estampado em letras mais vistosas do que o próprio nome dos circos nos quais trabalhava. Porém, mesmo sendo considerado por muitos palhaços brasileiros o Rei, morreu no dia 03 de maio de 1954, no Rio de Janeiro, quase na miséria.
Palhaçada!


+ Info:
Livro:
“Benjamin, o filho da felicidade”
Editora: ftd
Autores: Heloísa Pires Lima e Marcelo Pacheco
Ano: 2007