quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA

POR CARURU (WEDSON OLIVEIRA SILVA)
FOTO MANDELACREW






O sol que aparece
Por trás do arranhacéu
O mesmo que molestou
O negro escravizado
Fez transpirar
A princesa Isabel
Que por sua vez
Castiga o trabalhador,
E brilha pro rei
Chibatadas nas costas
Por diferença de cor
Hoje o negro intelectual
Mostra o seu valor e faz acontecer
Porque a intelectualidade
Abala o poder
O guerreiro lutador
Não pensa em desistir
Salve Solano Trindade,
João Candido,
Salve Zumbi.

A escravidão que não acabou
Devorando como animal
Ainda hoje é encontrada
No canavial
Em qualquer cidade
Pequena ou grande
Uma outra escravidão
Que parece não ter jeito
O rico e o pobre
Escravizados pelo preconceito
O preconceito que já era grande
Torna-se enorme
O rico contra o rico
E o pobre contra o pobre

Uma escravidão
Para quem nos educou
Sobrevivendo com salário de miséria
Vive hoje o professor
Professor que contribui
Para o salário do doutor
Mérito para os teachers
Zero pra corrupção
Mesmo depois da Lei Áurea
Prevalece a escravidão
A chibatada que já não vem
Pela mão do mal feitor
Hoje vem pelos olhares
Sem respeito e sem amor
O cordeiro na cruz
Remissão para quem crê
Quem não aceita o seu amor
Vive para morrer
Quem se tornou discípulo
Morre para viver

Meu poema clama
Clama todo dia
Meu poema clama
Carta de alforria...