segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

NOVA REALEZA AFRICANA

Por Luciane Mediato
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Em meio a um universo repleto de princesas de contos de fada em que os longos cabelos loiros ou a pele branca são atribuídos como traços de beleza, são raras as vezes que lembramos de personagens de outras etnias. No entanto, esta realidade pode mudar. Esqueça todas essas referências e imagine um reino com as princesas Ajê, Xagulá, Iemanjá, Olocum, Oxum, Oyá e Oduduá em que as principais características são a força, a determinação, a beleza e a habilidade de manipular as forças da natureza como as águas, terra e ventos. Quem transformou esse fantástico mundo de realeza com origens africanas em palavras foi a doutora andreense em educação Kiusam de Oliveira no livro Omo-Oba (Editora Mazza, R$ 28, 48 páginas), selecionado pelo PNBE/2010 (Plano Nacional de Bibliotecas Nas Escolas) e que já está em todas as bibliotecas da cidade de Diadema.
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A obra feita para o público infanto-juvenil com contos que resgatam a tradição afrobrasileira faz reflexão sobre as questões de gênero e etnia. O tema do livro surgiu como resultado das experiências da própria autora. "Alimentei a ideia de escrever um livro desde a minha infância, época em que descobri o racismo na prática, tanto por parte dos educadores quanto pelos estudantes. Com isso, ser negra tornou-se um valor que precisei defender desde criança", afirma Kiusam.
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A publicação, que quebra os paradigmas do imaginário infantil, serve como um instrumento de luta contra o preconceito. "Nos meus 20 anos trabalhando com educação sempre ouvi das crianças que as princesas não eram negras porque são belas, ou seja, os negros não são bonitos. Esse é um exemplo de racismo estrutural existente no País: os pais ensinam que o valor das pessoas está na cor da pele, e certamente esse valor não está na pele negra", diz a autora.
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Para Kiusam, recontar histórias de contos africanos e lutar pela igualdade entre gêneros nas escolas brasileiras foi algo que demorou a acontecer. "Só em 2003 foi implementada uma lei que obriga o ensino de história da África e da cultura afrobrasileira, sendo assim o mercado para títulos que retratam personagens negros aumentou. A educação precisava dar conta de um assunto que o preconceito e o racismo do País impediram de fazer parte do ambiente escolar", declarou.
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www.myspace.com/kiusamdeoliveira