domingo, 23 de janeiro de 2011

Inquérito e a história dos negros

Por Jéssica Balbino
Foto Márcio Salata
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“Só que foi na África que o mundo começou. A cana, o café e o algodão, quem que plantô? E o ouro que vocês ostenta, quem que arrancô? Não foi bem do jeito que a história te ensinô. Zumbi que lutou, a princesa só assinô (...)”.
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Rima, trocadilho e poesia. É assim, contextualizando a história do mundo e dos negros, que o grupo Inquérito apresenta junto com a Mudança - nome que dá título ao terceiro disco - a faixa Nego Negô, cantada ao lado do rapper DBS.
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A canção brinca com o bordão “NegooooooOOoooo” do rapper de Carapicuíba e remete não apenas a imagem do “gordo é o chefe”, como costuma dizer DBS, como a tudo que foi negado, durante toda história, ao povo pobre e preto.
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O paralelo entre o rap, o verbo negar e os negros regem toda música e englobam o que a história privou os negros de saberem, conhecerem e até mesmo viverem. Saúde, cultura, informação. Esporte, emprego e educação. Estas são algumas das palavras que aparecem no refrão da canção, que mais do que um protesto, mostra que o estilo vem com conhecimento, militância e vontade de reescrever a história do país, tentando tirar do tráfico os moleques que tiveram os antepassados traficados num navio. Ousadia e elementos diferenciados contextualizam a Mudança proposta pelo novo disco do Inquérito.
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www.grupoinquerito.com.br