Por Nabor Jr., especialmente para O MENELICK 2º ATO
As características geográficas e sociais que costumam determinar se um povoado constitui ou não uma favela são subjetivas e geralmente variam de um lugar para o outro. Principalmente quando comparamos países com poderio econômico distintos. Por inúmeras razões, sendo uma delas uma maior presença do Estado, as condições de vida de um imigrante visto como favelado na França, por exemplo, não pode ser equiparado a de uma pessoa que leva o mesmo adjetivo mas, que mora na Rocinha, no Rio de Janeiro.
Contudo, invariavelmente, seja no primeiro ou no terceiro mundo, o que sabemos é que favelas são locais caracterizados pela degradação urbana, pelo abandono do Estado e por graves problemas sociais, como elevadas taxas de pobreza, desemprego e criminalidade.
A favela de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, uma das maiores do Brasil, com seus mais de 120 mil habitantes mal distribuídos em aproximadamente 1 milhão de metros quadrados não é diferente, correto? Em termos.
Estereótipos e manchetes sensacionalistas a parte, a Favela de Heliópolis é muito mais do que seu primeiro nome, que, diga-se de passagem, lhe foi imposto, simboliza. A cidade do sol (uma vez que Heliópolis era o nome de uma antiga cidade do Antigo Egito, que significava Cidade do Sol) muito mais sorri do que chora. E apesar das profundas cicatrizes que o “tempo” deixou, Heliópolis ainda encontra forças para brilhar e no presente momento reflete transformações e progresso.
E foi justamente para apresentar o seu lado B (mas que deveria ser o seu lado A) que a revista O MENELICK 2º ATO convidou os fotógrafos Arthur Costa e Gil Fénix, moradores e culturalmente atuantes dentro da comunidade, para registrar o cotidiano do local.
Intitulada “Cicatrizes – Nuances da maior favela de São Paulo”, a mostra, que em 2009 excursionou pelas cidades francesas de Paris e Am]bares & La Grave, apresenta, sem querer passar pano pra ninguém, uma favela sem sangue, crimes ou tráfico de drogas, coisas que só quem mora ou conhece o lugar sabem que existe. Afinal, se o sol brilha para todos, porque na terra do sol seria diferente?