Por Janaína Gomes e Nabor Jr.
Martinho José Ferreira, ou simplesmente Martinho da Vila, da mais charmosa Vila do carnaval carioca, a alviceleste Vila Isabel, apesar da fala mansa e do andar cadenciado, pertence àquele grupo de artistas que não se contentam em ser prisioneiros de uma única plataforma de produção, como, por exemplo, o cantor, compositor e pintor Heitor dos Prazeres (1898-1966), ou mesmo o poeta, folclorista, ator e também pintor Solano Trindade (1908-1974), que vêem no fazer artístico um caldeirão de possibilidades para expansão de suas inquietudes.
Figura de raro talento e inventividade, dada a robustez de sua obra, Martinho rompe, mesmo que involuntariamente, com todos os rótulos e estereótipos que lhe possam ser atribuídos.
Suas contribuições para o resgate e valorização de uma identidade cultural genuinamente afro-brasileira são intermináveis. Nas décadas de 80 e 90, por exemplo, promoveu os Encontros Internacionais de Arte Negra (batizados de Kizomba), que trouxeram ao Brasil artistas de países como Angola, Moçambique, Nigéria, Congo, Guiana Francesa, Estados Unidos e África do Sul. Em 2000, realizou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em parceria com o maestro Leonardo Bruno, o projeto Concerto Negro, um espetáculo sobre a participação da cultura negra na música erudita.
Figura de raro talento e inventividade, dada a robustez de sua obra, Martinho rompe, mesmo que involuntariamente, com todos os rótulos e estereótipos que lhe possam ser atribuídos.
Suas contribuições para o resgate e valorização de uma identidade cultural genuinamente afro-brasileira são intermináveis. Nas décadas de 80 e 90, por exemplo, promoveu os Encontros Internacionais de Arte Negra (batizados de Kizomba), que trouxeram ao Brasil artistas de países como Angola, Moçambique, Nigéria, Congo, Guiana Francesa, Estados Unidos e África do Sul. Em 2000, realizou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em parceria com o maestro Leonardo Bruno, o projeto Concerto Negro, um espetáculo sobre a participação da cultura negra na música erudita.
Contudo, mais relevante do que os cerca de 50 discos lançados, as centenas de composições e os títulos com sambas-enredos, é a qualidade da vasta obra deste carioca de 72 anos, natural de Duas Barras. Seja como sambista, cantor, compositor, puxador de samba, pesquisador e intelectual, está sendo assim como escritor. Isso mesmo, escritor!
Se musicalmente falando Martinho da Vila dispensa apresentações (já foi, por exemplo, um dos maiores vendedores de disco no Brasil e segundo sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas com o CD Tá Delícia, Tá Gostoso, lançado em 1995), sua carreira como escritor, oficialmente inaugurada em 1986, com o livro infanto-juvenil “Vamos Brincar de política?”, parece estar preste a se tornar popular, bem como suas canções.
Autor de 10 livros, entre infanto-juvenis, romances e relatos biográficos, Martinho, por força da sua obra literária, é um dos postulantes a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Já que após a morte do bibliófilo José Mindlin, falecido em fevereiro deste ano, uma vaga foi aberta. Além do artista, que há algum tempo começou a frequentar os chás que acontecem todas as quintas-feiras na sede da ABL, no Rio de Janeiro, levando o batuque aos acadêmicos, alguns deles seus amigos, que o incentivaram a se candidatar, também são cotados para assumir o posto o ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau; o poeta, ensaísta, tradutor e diplomata Geraldo Holanda Cavalcanti e o presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré.
Se musicalmente falando Martinho da Vila dispensa apresentações (já foi, por exemplo, um dos maiores vendedores de disco no Brasil e segundo sambista a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas com o CD Tá Delícia, Tá Gostoso, lançado em 1995), sua carreira como escritor, oficialmente inaugurada em 1986, com o livro infanto-juvenil “Vamos Brincar de política?”, parece estar preste a se tornar popular, bem como suas canções.
Autor de 10 livros, entre infanto-juvenis, romances e relatos biográficos, Martinho, por força da sua obra literária, é um dos postulantes a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Já que após a morte do bibliófilo José Mindlin, falecido em fevereiro deste ano, uma vaga foi aberta. Além do artista, que há algum tempo começou a frequentar os chás que acontecem todas as quintas-feiras na sede da ABL, no Rio de Janeiro, levando o batuque aos acadêmicos, alguns deles seus amigos, que o incentivaram a se candidatar, também são cotados para assumir o posto o ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau; o poeta, ensaísta, tradutor e diplomata Geraldo Holanda Cavalcanti e o presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré.
Apesar de ter o “apoio” do presidente da ABL, Marcos Vinicios Vilaça, que busca tornar a casa mais próxima do mundo real, Martinho corre por fora na disputa. Segundo fontes próximas ao sambista, ele se diz desconfortável em fazer a corte e mal sabe quem são seus adversários. Em recente entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo ele declarou que só irá à academia se o quiserem lá. “Não vou fazer muita coisa. Tenho um amigo que cumpriu todo o roteiro, fez uns 15 jantares, e não se elegeu”, disse.
O fato é que, com os méritos de quem busca preservar as influências afro na formação da identidade cultural do povo brasileiro, os holofotes da sua carreira artística finalmente estão se voltando a sua faceta literária. Abrindo caminho para que o público possa, em fim, conhecê-la. Se for aceito na ABL, como ele próprio afirmou “músicos, sambistas, gente da favela, entre outros, se sentirão representados”.
E ele tem razão, fundada em 20 de julho de 1897 por nomes como Machado de Assis (mulato), José do Patrocínio (negro) e Silvio Romero (abolicionista), a ABL, mesmo sendo para muitos cada vez mais uma casa de notáveis do que de grandes escritores e desfrutando de um prestígio duvidoso (principalmente após incluir em seu quadro nomes contestados tanto por escritores como pelo público em geral, como o do ex-presidente José Sarney, do cirurgião plástico Ivo Pitanguy e do escritor Paulo Coelho), a instituição segue como a principal morada do cultivo da língua e da literatura nacional. Ter novamente o colorido e o balanço de um negro no seu atual quadro de imortais seria um estímulo para os escritores negros e uma honra para ABL.
O fato é que, com os méritos de quem busca preservar as influências afro na formação da identidade cultural do povo brasileiro, os holofotes da sua carreira artística finalmente estão se voltando a sua faceta literária. Abrindo caminho para que o público possa, em fim, conhecê-la. Se for aceito na ABL, como ele próprio afirmou “músicos, sambistas, gente da favela, entre outros, se sentirão representados”.
E ele tem razão, fundada em 20 de julho de 1897 por nomes como Machado de Assis (mulato), José do Patrocínio (negro) e Silvio Romero (abolicionista), a ABL, mesmo sendo para muitos cada vez mais uma casa de notáveis do que de grandes escritores e desfrutando de um prestígio duvidoso (principalmente após incluir em seu quadro nomes contestados tanto por escritores como pelo público em geral, como o do ex-presidente José Sarney, do cirurgião plástico Ivo Pitanguy e do escritor Paulo Coelho), a instituição segue como a principal morada do cultivo da língua e da literatura nacional. Ter novamente o colorido e o balanço de um negro no seu atual quadro de imortais seria um estímulo para os escritores negros e uma honra para ABL.
Conheça a lista com os 10 livros já publicados pelo escritor:
Vamos Brincar de política?
Editora Global, 1986
Infanto-juvenil
Kizombas, andanças e festanças
Editora Record, 1998
Auto Biográfico
Joana e Joanes, um romance fluminense
ZFM Editora, 1999
Romance
Ópera Negra
Editora Global, 2001
Ficção
Memórias póstumas de Teresa de Jesus
Editora Ciência Moderna, 2002
Romance
Os Lusófonos
Editora Ciência Moderna, 2006
Romance
Vermelho 17
ZFM Editora, 2007
Romance
A Rosa Vermelha e o Cravo Branco
Lazuli Editora, 2008
Infantil
A serra do rola-moça
ZFM Editora, 2009
Romance
A rainha da bateria
Lazuli Editora, 2009
Infantil
Click:
martinhodavila.com.br
Vamos Brincar de política?
Editora Global, 1986
Infanto-juvenil
Kizombas, andanças e festanças
Editora Record, 1998
Auto Biográfico
Joana e Joanes, um romance fluminense
ZFM Editora, 1999
Romance
Ópera Negra
Editora Global, 2001
Ficção
Memórias póstumas de Teresa de Jesus
Editora Ciência Moderna, 2002
Romance
Os Lusófonos
Editora Ciência Moderna, 2006
Romance
Vermelho 17
ZFM Editora, 2007
Romance
A Rosa Vermelha e o Cravo Branco
Lazuli Editora, 2008
Infantil
A serra do rola-moça
ZFM Editora, 2009
Romance
A rainha da bateria
Lazuli Editora, 2009
Infantil
Click:
martinhodavila.com.br