quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Rap? De novo não!


A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo informou esta semana, por meio da sua assessoria de imprensa, que o maior, e particularmente para mim, o mais democrático e abrangente evento realizado pela pasta, a Virada Cultural, será cortado em um terço este ano.

De acordo com o secretário Carlos Augusto Kalil, a medida faz parte do contigenciamento de 33%, estipulado pela Prefeitura que, em razão da crise financeira internacional (a famosa marolinha que acabou nos atingindo como um verdadeiro Tsunami) fez cortes no orçamento do município.

Até aí tudo bem, já que todos os setores do poder público (tirando os salários e as verbas destinadas ao funcionalismo e afins) tiveram cortes. O problema, porém, está em um detalhe, ou melhor, dois, que para muitos passou desapercebido. Trata-se dos palcos que, segundo o próprio secretário, serão sacrificados pelo corte do orçamento e que ficarão de fora da festa este ano. São eles o do Parque Dom Pedro e o da avenida Rio Branco. Respectivamente os palcos de Rap e Samba da festa de 2008.

Kalil não afirmou, porém, se os ritmos, assim como os palcos, serão excluídos do evento.

Espero que não, tanto o rap como o samba são manifestações da música brasileira fundamentais na formação da identidade cultural de milhares de pessoas. O rap, ritmo que gosto e acompanho, apesar de não estar nos programas de TV e tão pouco nas manchetes de jornal é, sem dúvida, um dos mais presentes gêneros musicais do cotidiano da juventude paulistana.

Os recentes episódios que marcaram as grandes apresentações de Rap na cidade, a Virada Cultural de 2007, onde houve o famoso “tumulto” durante o show dos Racionias MC’s, e o show do aniversario de 455 anos de São Paulo, em janeiro ultimo, quando uma outra confusão (menos divulgada, mas de igual relevância nas suas proporções) não devem, ou pelo menos não deveriam, prejudicar uma grande maioria de apreciadores da musica e que são do bem.

A importância e a relevância do Samba falam por si só. Seria redundante (da minha parte) querer questionar um ritmo que com certeza deve estar presente em 8 de cada 10 festas realizadas no pais.

Porém, quanto ao Rap, a descriminalização ainda vigora e a repressão impera, eh evidente. Mas a safra de novos e bons nomes na cena e a motivação do seu publico são muito mais fortes do que qualquer movimento “separatista”. O gênero já provou que está mais do que enraizado por aqui.

Espero que a prefeitura pense nisso. Um evento democrático e multicultural como a Virada não deve privar o seu público de apreciar riquezas da sua terra. Espero que não o faça.

O Rap é o som da Paz, não de bandido,Tem que ser ouvido e assistido